No mundo em que vivemos


Bernardo Santos

 

 

Entre.

Tranque a luz e acenda a porta.

Sente-se na mesa

e em cima da cadeira

pegue o papel

para escrever no lápis;

abra a borracha

e apague com a gaveta

as mágoas de palavras.

Lembre-se de quando

a lua clareia o dia

e o sol encanta a noite;

em que apertava a árvore

debaixo da mão,

contemplando as estrelas

no amanhecer.

O carro dirigirá você

pelas ruas e avenidas,

enquanto os outros

andam pelas calçadas;

então, quando a praça do banco

sentar-se em seu corpo,

reflita os atos cometidos

pelas máquinas

que inventaram o homem

e sinta na lata de seu braço

os flagelos desta verdadeira mentira

que já é uma mentirosa verdade.

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