Natureza morta

 

Bernardo Santos

 

 

Eu não me encontro

pois estou perdida

em meio ao caminho

contemplando a mata

respirando o ar

abraçando o céu

onde brilha o sol

e os pássaros cantam

flutuando nas nuvens

pisando na terra;

terra do solo

onde fecunda a semente.

Há de existir

lágrimas para derramar

o derradeiro de meu corpo

que despedaça

por entre os espinhos.

Ah! Me dá uma vontade de chorar,

gritar socorro

e correr do mundo.

Ah! Se eu pudesse voar,

minhas asas levar-me-iam

ao encontro da liberdade

e eu voltaria a viver

com o mesmo sorriso de antes

e então, eu

natureza morta

na fraude da colina

procurar-me-ia

sem pouso e descanso

até encontrar

a minha extrema beleza

que anda perdida

e quem sabe nas fronteiras da calma

libertar-me-ia das garras do homem!

Share by: