Em 1982; Maria Helena Martins escreveu para a Coleção
Primeiros Passos, o Livro O que é Leitura, com compromisso de tentar explicar
este hábito. Ela procurou abordar o assunto de maneira clara e objetiva,
conseguindo penetrar no universo das letras impressas, classificando os níveis
de leitura através das possibilidades de compreensão. São eles: A leitura
sensorial, emocional e racional.
Segundo a autora, esses níveis são inter-relacionados,
simultâneos, mesmo sendo um ou outro privilegiado. Deve, pois, ficar claro não
haver propriamente uma hierarquia; existe, digamos, uma tendência à leitura
sensorial anteceder a emocional e esta suceder a racional, o que se relaciona com
o processo de amadurecimento do homem.
A maioria dos leitores procura um livro levado pelo conteúdo,
o que é bastante natural. Uns poucos procuram na beleza da forma os mais raros
prazeres da leitura. Para uns e outros, o primeiro contato com o livro é
essencial. A autora não nega em nenhuma circunstância que após essa investida
inicial, pode ser iniciada a atividade da leitura propriamente dita.
Alguns pensadores e críticos como Lorde Balfour, afirma que só
domina totalmente a arte de ler, aquele que desenvolve uma refinada técnica de
folhear depressa e saltar sobre o irrelevante. Será?
São frequentes, como se sabe, os preconceitos em torno do
livro e da leitura. Cabe a cada leitor julgar. Compreender as palavras de
Balfour fica fácil para um leitor veterano, pois a experiência permite uma
leitura rápida e segura de determinado texto; pois eliminando o irrelevante
ficará o melhor, aquilo que interessa e justifica a leitura.
Independente da forma e maneira de ler, a leitura está entre
outras categorias de arte. O importante é fazer dela o pão do espírito, que
através de seus nutrientes alimente a alma e enriqueça o mundo da imaginação
fictícia com realidade de conhecimentos.
Por isso afirmo que, num país onde o hábito de ler ainda é restrito
a uma pequena elite; qualquer contribuição para disseminar a leitura será útil,
contanto que tenha um compromisso maior com as perguntas, do que com as
respostas; sempre instrumentos das tragédias.